“Na hora da dor, o Berimbau se transforma em uma arma”
Com o espírito desta potente fala acima, de autoria de Vicente Ferreira Pastinha, uma de nossas referências da Capoeira Angola, representantes de diversos segmentos da Capoeira do Rio de Janeiro participaram, no dia de ontem (05/02), de ato público na Barra da Tijuca, por Justiça para Moïse, Congolês assassinado brutalmente em um dos quiosques da Barra da Tijuca.
No estado do Rio de Janeiro, mais de 260 entidades confirmaram presença no ato no Posto 8 e quem participou, como nós, pode verificar de perto a indignação da população contra o racismo que a cada dia mata os nossos e as nossas, em particular pretos e pretas.

Brasil clama por justiça
Atos com pedidos de Justiça pelo assassinato do jovem refugiado congolês Moïse Kabamgabe foram realizados em diferentes cidades do país e em, pelo menos, três países neste sábado, dia 05 de fevereiro.
No Rio de Janeiro, local onde aconteceu o crime, no quiosque Tropicália, na Avenida Lúcio Costa, Posto 8, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, as manifestações tiveram início às 10 horas.
Com representantes de mais de 260 entidades, militantes do movimento negro, apoiadores das lutas antirracistas e capoeiristas dos mais diversos Grupos, Associações, Fóruns de Capoeira do estado do Rio de Janeiro, Fórum de Capoeira de Niterói e do Movimento Capoeira é Nossa Bandeira, este ato, além de mostrar para a sociedade que ninguém aguenta mais a letalidade contra nossos irmãos e irmãs negros e negras, apresentou, ainda, outras demandas das diversas comunidades do Rio de Janeiro, que pediram um basta a todas as formas de violência, em particular àquelas praticadas pelo próprio Estado.


Mestre Paulão Kikongo (Rádio Capoeira e Kilombarte) Mestras Renatinha (Grupo Capoeira Senzala), Mestre Marron (Grupo Capoeira Angola Ngoma), Mestra Darlene (Aliança Ariri Capoeira), Mestre Zezeu (Capoeira Estilo Livre), ContramestrA Celi (Associação de Capoeira Angonal) e Contramestra Agbara (Cia da Capoeira) foram algumas das pessoas da Capoeira que estiveram presentes.

Segundo Marcio Madeira, presidente do IPCN (Instituto de Pesquisa da Cultura Negra) e membro do comando de organização do ato: “A revolta contra esse assassinato mobilizou as pessoas. A violência não pode ser naturalizada e esse é o grito que estamos dando. Não podemos continuar numa sociedade racista, que a toda hora mata um negro. A morte de Moïse servirá para dizermos que não ficaremos calados. Essa semana foi o Moïse e o Durval, em São Gonçalo. Temos que dar um basta. Os negros querem poder viver.”

Durante a semana diferentes entidades divulgaram manifestos de protesto pelo assassinato e em apoio às ações por Justiça. Entre elas estiveram a Portela, o Renascença, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a OAB/RJ, a Associação Religiosa Israelita (ARI), o Instituto Brasil Israel e a Frente Inter Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz. A Assembleia Legislativa do Rio aprovou uma moção de repúdio ao assassinato.

Com informações do Comando de Organização do Ato no Rio de Janeiro.
Fotos gentilmente cedidas pela Mestra Darlene.