Após polêmica sobre ter seu carnaval patrocinado pelo governo ditatorial da Guiné Equatorial, de onde, dizem, recebeu 10 milhões de reais, a Beija-Flor sagrou-se campeã do carnaval 2015 do Rio de Janeiro.
A escola azul e branca chegou ao seu décimo terceiro título do grupo especial com o enredo que contou a história da Guiné Equatorial e valorizou a influência africana na cultura brasileira. Depois de quatro anos sem levar o Carnaval, a Beija-Flor foi considerada tecnicamente impecável: a agremiação terminou com três notas dez em oito dos nove quesitos, perdendo apenas um décimo no samba-enredo.
A disputa pelo título de campeã do grupo especial do Carnaval carioca começou equilibrada: após a divulgação das notas do quesito harmonia, o primeiro da apuração, Mocidade, Salgueiro, Portela, Beija-Flor e Unidos da Tijuca dividiam a liderança. No quarto quesito, Mocidade e Salgueiro perderam décimos e viram a Beija-Flor se descolar das demais concorrentes, arrancando somente notas dez no quesito mestre-sala e porta-bandeira.
Com todas as notas máximas no quesito comissão de frente, a escola de Nilópolis manteve dois décimos de distância do Salgueiro, que aparecia na segunda colocação. A competição voltou a se acirrar depois da abertura das notas do quesito samba-enredo, quando o samba do Salgueiro garantiu a pontuação máxima. Com isso, a diferença entre a Beija-Flor e a agremiação do Andaraí caiu para apenas um décimo.
No oitavo quesito – o enredo –, a Beija-Flor voltou a se isolar na ponta. Com uma nota dez e três notas 9.9, o Salgueiro perdeu dois décimos e somou 239.6 pontos, contra o 239.9 da Beija-Flor. O enredo da Beija-Flor conquistou três notas dez e um 9.9.
O último quesito confirmou a supremacia da Beija-Flor: a escola chegou ao seu décimo terceiro título ao garantir quatro notas dez no quesito. A campeã do Carnaval terminou com 269.9 pontos, seguida pelo Salgueiro (269.5 pontos) e Unidos da Tijuca (269 pontos).
Confira o samba-enredo
Vem na batida do tambor
Voltar na memória de um griô
Fala cansada, mãos calejadas
Ouça o menino Beija Flor
Ceiba, árvore da vida
Raízes na verde imensidão
Na crença de tribos antigas
Força e povoada nesse chão
O invasor singrou o mar
Partiu em busca de riquezas
E encontrou nesse lugar
Novas Índias, outras realezas
Destino trocado, tratado se faz
Marejam os olhos dos ancestrais
Preto canta, chora preto
Liberdade!
Sinfonia das marés
Saudade!
Um africano rei que não perdeu a fé
Era meu irmão, filho da Guiné!
Formosa, divina ilha
Testemunha dos grilhões
Eu vi a escravidão erguer nações
Mas a negritude se congraça
A chama da igualdade não se apaga
Olha a morena na roda e vem sambar
Na ginga do balélé, cores no ar
Dessa mistura vem meu axé
Canta Brasil! Dança Guiné!
Criança! Levanta a cabeça e vá embora!
No mar que trouxe a dor,
Riqueza emerge
Tens uma família agora!
Quem beija essa flor não chora.
Sou negro na raça, no sangue
E na cor.
Um guerreiro Beija Flor
Oh minha deusa soberana!
Resgata sua alma africana.
Com fontes do Portal EBC